A Dor e o Valor de Seguir Em Frente: Nomadland - Review



Nomadland, um longa que veio sem tradução de nome para o Brasil, mas que pode significar "Terra Nômade" ou "Cidade Nômade". Realmente o título tem tudo a ver com o filme, que traz uma dura crítica ao capitalismo e a dificuldade de ser um empregado em um país que muitos acham "perfeito", e ainda, traz uma profunda reflexão acerca da vida.

Recebeu 6 indicações ao Oscar, incluindo melhor filme, atriz e diretor(a).

Estamos diante de uma obra baseada no livro de mesmo nome, escrito por Jessica Bruder lançado em 2017. Acompanhamos a trajetória de Fern (Frances McDormand), que após perder tudo na crise econômica de 2008, vive como uma nômade morando em sua van.

Aqui, a direção e o roteiro adaptado é da chinesa Chloé Zhao, quem dirigiu o bom Domando o Destino (2018) e o ainda não visto Os Eternos, aguardado filme da Marvel Studios. Pode anotar o nome dessa diretora, talento ela tem!

O que se torna bem nítido logo nos primeiros momentos, é toda a abordagem documentarista que o filme traz, beirando a realidade. Aliás, com exceção de um personagem vivido por David Strathairn e da própria Frances, todos os coadjuvantes "nômades" são pessoas reais, um toque de classe da diretora que quer passar a realidade de um mundo capitalista que tem inúmeros problemas, principalmente quando o assunto é a complexidade de se ter um emprego. É um filme que aborda a vida de pessoas que moram em veículos e que procuram os famosos "bicos" ou empregos alternativos e como elas buscam viver a vida.

Seguindo no caminho de Fern, podemos ver como a sensibilidade é o ponto chave do longa, que aos poucos vai trazendo mais e mais camada pra protagonista em um cenário desconfortável de um EUA que poucas pessoas enxergam. Isso se deve o fato de que todos os "personagens" trabalham em prol de si mesmos e também da construção de Fern, os diálogos são bem orgânicos e com certo peso. 

Outro aspecto que é bem nítido é a beleza do filme, a trilha sonora e a bela fotografia desenvolve a trama, e ao mesmo tempo, conversa com o telespectador. Em certos momentos, onde não existe diálogo (somente som e imagem), temos um momento de reflexão que nos conecta diretamente com o filme, algo raro.

E é nessa reflexão que traz a essência dessa obra de arte, podemos sentir a dor de uma personagem que perdeu exatamente o que ela achava que era necessário para ela, e com isso, ela busca uma forma de viver. Mas logo percebemos que ela não vive, e sim sobrevive. Mesmo com todo o contexto em que o filme se passa  e com suas críticas, ele traz como mensagem principal a dor da perda, e o mais importante, que é dentro da dor que se encontra a solução. O remédio é seguir em frente, pois o tempo não para, mas não quer dizer que devemos esquecer o passado, ele faz parte da construção da nova percepção de mundo.

 Nomadland, é um filme completo, orquestrado pela simplicidade, sensibilidade e pelas dificuldades que estamos sujeito a encontrar na nossa caminhada. Apesar de ter uma cena ou outra que não agrega com o andamento da história, ficamos com um sentimento de esperança e conformação a respeito da nossa existência, pois como um personagem diz:

"Uma das coisas que mais amo nesta vida Ã© que não existe adeus definitivo. Eu sempre digo simplesmente "Te vejo pelo caminho".  

No Oscar, é favorito para levar: melhor filme, direção, fotografia, roteiro e atriz para Frances Mcdormand. 

Nota: 4.7/5 (obra-prima)

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