O Expresso Polar - um comentário sobre uma simpática obra inspirada em um livro.

 


Imagine o seguinte: lá está você, com seus 5 ou 6 anos, completamente jogado na cama, talvez com um pouco de calor, ouvindo os adultos debaterem como será o dia de amanhã. O telefone toca repetidas vezes, você sente borboletas na barriga e já começa a visualizar o doce som do papel rasgando sobre seus dedos, sua textura, a voz de seus parentes reunidos, casa cheia, o cheiro delicioso da comida. Neste instante você, caro leitor, começa a salivar de pura ansiedade e sente algo dentro de você, um sentimento de alegria que te consome. Logo, você liga sua televisão e está passando um filme, um filme que traz a história de um rapaz que embarca num trem rumo ao Polo Norte e vive grandes aventuras no caminho. Quando acaba, aquela sensação prazerosa é aumentada exponencialmente e você transborda do clima de natal. Sim, senhoras e senhores, me refiro ao Expresso Polar, longa de 2004, dirigido por Robert Zemeckis a partir do livro de mesmo nome escrito por Chris Van Allsburg. Essa “regressão” serviu para te lembrar que, de alguma forma, essa obra pode ter feito parte da sua infância nesta época tão simbólica. Ora,  que atire a primeira pedra aquele que nunca sentiu o clima natalino diante dessa película tão simpática.

Esta é uma breve análise, não faria sentido nos atermos a tantos detalhes técnicos, o caminho a ser seguido é, na opinião do PopCat, o maior triunfo do filme: sua belíssima mensagem. Mais até do que saber a data de lançamento, em que plataformas foi exibido ou  a participação de Tom Hanks (isso fica para depois). 


O filme põe em cena um garoto canadense que conhecemos como “Herói”. Ao longo da aventura, mesmo desacreditado no Papai Noel e desiludido com aquela data, vislumbramos sua conduta altruísta, responsável e bondosa em momentos como o qual para a “Maria Fumaça” para que Billy (garoto humilde e introspectivo) pudesse entrar, a passagem em que, junto com Sarah, se aproxima ao cabisbaixo colega para tomar chocolate quente e a oportunidade em que devolve o bilhete até então perdido a Sarah, na esperança que não fosse expulsa da locomotiva. Bem, a narrativa é justamente acompanhar tudo à sua óptica, para nos vermos nele como seres descrentes mas que ainda assim notemos que a magia está dentro de nós. 


Para evoluirmos e aprendermos junto ao rapaz, o filme apresenta o Espírito do Natal, personificado como o Vagabundo, que o acompanha em alguns momentos da história servindo como uma espécie de mentor, discorrendo sobre o significado do feriado e alguns valores de forma velada, como o porquê de acreditar e o infâme “ver para crer”. Todos esses elementos vão moldando o pensamento do Herói até a chegada no Polo Norte, e nós, enquanto isso, vamos absorvendo junto a ele todos esses princípios. Todos esses elementos nos levam ao Clímax, momento em que todos já se encontram no Polo Norte e tem suas personalidades bem construídas. “Ah, mas simplesmente ser bom não é suficiente para dizer que o rapaz carrega o espírito natalino consigo”, dirá você. Certo, ele ao longo da trama se diz de fato descrente e parece não gostar de ser passado para trás, como bem coloca o Vagabundo. Porém, nos ao final ele finalmente consegue escutar os guizos, cravando assim, sua crença no Natal.


O Expresso Polar é uma criação inspirada e emocionante que nos faz voltar a infância. Mesmo a animação não sendo o primor da computação gráfica no que diz respeito à expressões faciais, ela não compromete a experiência pois os méritos são abundantes: os cenários são maravilhosos, os números musicais contagiam, os personagens são cativantes e acima de tudo sua mensagem. Mensagem  que é nada menos que despertar o senso de bondade que há dentro de cada um, florescer nossa compaixão através de exemplos simples e da fonte mais qualificada para tal: uma criança. Lembrar que, mesmo que sejamos consumidos pelas mazelas do mundo, o que há de mais belo ainda está conosco, claro, nossa humanidade. Isso sim é mágico. 


Curiosidades


Tom Hanks interpreta 5 personagens: O Condutor, Papai Noel, O Vagabundo, o Herói mais velho e o pai do Herói;


O orçamento foi de US$ 165 milhões, tendo lucrado cerca de US$ 313,5 milhões;


Este é o primeiro filme na história a usar inteiramente a tecnologia de captura de performance. 


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